donderdag, maart 18, 2010

Direitos humanos - Abuso de crianças: Em Cinco Anos, Dez Padres Indiciados em Portugal

Zwela Angola
17/03/2010

Seis dos dez casos de abuso sexual de crianças cometidos por padres investigados aconteceram em 2007, revela estudo de inspector da PJ

Por toda a Europa sucedem-se as denúncias de padres pedófilos na Igreja Católica e Portugal não fica fora do leque de suspeitas. De 2003 a 2007, dez padres foram indiciados pelo Ministério Público por abuso sexual de crianças, indica um estudo do investigador da Polícia Judiciária (PJ) Pedro Pombo, a que o i teve acesso. Desses dez casos (num total de 5128), seis ocorreram em 2007. O i contactou o Ministério Público para perceber o desfecho destes casos - arquivamento ou acusação -, mas não obteve resposta até ao fecho desta edição.

Pedro Pombo, 42 anos, actualmente responsável pela Provedoria da Universidade da Beira Interior, explicou ao i que recolheu estes dados dos relatórios anuais da PJ para a tese de doutoramento "Abusadores Sexuais. Uma Perspectiva Neuropsicológica", apresentada no ano lectivo de 2007/2008 na Universidade de Salamanca, em Espanha.

Olhando para os números, explica Pedro Pombo, tudo indica que os alegados abusos terão acontecido no local de culto, já que o número de padres indiciados em cada ano coincide com o número de crimes cometidos em igrejas. Em Portugal, em 2006, segundo o Anuário Católico, existiam 4 mil padres.

De acordo com o investigador da PJ, "a média de idade das vítimas é de 8 a 13 anos". Já os agressores terão, em média, entre 31 e 40 anos.

Reacção da Igreja

"Fico escandalizado. Não julgo ninguém, até porque é preciso respeitar a presunção de inocência. Ainda assim, uma das razões trágicas do que tem acontecido noutros países é a ocultação dos casos. Este é um problema que precisa de ser debatido no seio da Igreja", reagiu D. Januário Torgal Ferreira, bispo das Forças Armadas, que disse desconhecer estes números.

"Estes assuntos têm de ser resolvidos com a Conferência Episcopal Portuguesa", apontou também o porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi. O i tentou várias vezes contactar o porta-voz episcopal, Manuel Morujão, sem sucesso. Já no Patriarcado de Lisboa, fonte oficial disse não ter conhecimento de padres indiciados por abuso sexual de crianças na diocese e apenas admitiria pronunciar-se caso existisse um caso concreto.

No final do mês passado, o bispo auxiliar de Lisboa disse, numa grande entrevista ao Rádio Clube/"Correio da Manhã", não ter conhecimento de actos de pedofilia na Igreja Católica portuguesa, como aconteceu nos Estados Unidos, na Irlanda, na Alemanha, na Itália, na Holanda, na Suíça e na Áustria (ver texto ao lado). Questionado pelo i sobre os dados do relatório anual da PJ, D. Carlos Azevedo remeteu esclarecimentos para a Conferência Episcopal.

"Em Portugal, [o assunto] não é alvo de debate porque não é conhecido", argumentou D. Januário. "Um dos grandes inimigos da vida dos padres é a solidão. Os que a conseguem enfrentar e aguentar são heróis", reconhece o bispo, embora realce que isso não explica estes crimes.

Segundo os números apresentados na tese de mestrado, o número de padres indiciado por abusos sexuais de crianças é uma minoria. A maioria dos investigados, entre 2003 e 2007, foram pais (720), seguidos de conhecidos da vítima (584), num total de 5128 casos.

Fonte: i Informação
Com Rosa Ramos e Marta F. Reis

Veja também o seguinte artigo publicado dias antes:
A Igreja e a Sociedade - As Violações Sexuais de Crianças Deve Parar

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